quinta-feira, 31 de agosto de 2017

CARMELITAS - PRESENÇA NO AMAPÁ




Os carmelitas são membros de uma ordem de frades da Igreja Romana, cujo nome oficial é Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo. A ordem foi fundada no Monte Carmelo, na Palestina, provavelmente no século XVII, e rapidamente se espalhou pela maior parte da Europa. Inicialmente os carmelitas obedeciam severas normas de conduta. Em 1431, por ordem do papa Eugênio IV, essas normas foram relaxadas. Santa Tereza de Ávila em 1562 fundou uma ordem de freiras carmelitas.

Em 1580, quatro carmelitas portuguesas vieram para o Brasil onde, a partir de então, os membros dessa Ordem desempenharam importante papel como missionários educadores. A chegada, pela primeira vez, desses missionários ao Cabo do Norte, se deu em 11 de janeiro de 1626 para ajudarem no processo de catequese do índio. Não sendo os primeiros, pois os franciscanos os precederam em 1618, mesmo assim eles foram os pioneiros na obra de evangelização.

Em 1626, por ocasião de sua chegada, o próprio governador do Pará, Maciel Parente, e donatário da Capitania do Cabo do Norte, lhe fez doação de suas próprias casas em Almerim, para os mesmos se instalarem. Os trabalhos missionários dos carmelitas no Brasil são pouco conhecidos.

Em 16 de julho de 1979, após aprovação pelo bispo de Macapá d. José Maritano, passa a funcionar regularmente em Macapá o Pequeno Carmelo de Santa Terezinha, com a presença das irmãs carmelitas de Santa Terezinha de Florença, na Itália.


terça-feira, 29 de agosto de 2017

PRESENÇA DOS FRADES CAPUCHINHOS NO AMAPÁ



A ordem dos Frades Menores Capuchinhos é um movimento franciscano reformista, iniciado em abril (ou maio) de 1525. Os pioneiros, freu Mateus de Bascio e os irmãos Tenaglia, frei Ludovico e frei Rafael de Fossombrone, foram considerados apóstatas pelo documento papal de 8 de março de 1526. Porém, contaram com a acolhida dos camaldulenses e o apoio de Catarina Cybo, duquesa de Camerino e sobrinha do papa Clemente VII. Assim, no dia 18 de maio de 1526, os três frades receberam autorização papal para viverem de forma eremitica nos arredores de Camerino (Italia).

            Ato continuo, publicaram o manifesto Liberdade para observar a Regra.  Logo juntou-se ao grupo o quarto frade observante, frei Paulo de Chioggia. Em seguida, com simplicidade, traçaram os elementos básicos da reforma.

            Estes pobres frades causavam admiração, encanto e benevolência por viverem na pobreza e austeridade, na solidão contemplativa e presença solidária nas necessidades socials, por sua pregação feita com simplicidade e entusiasmo na linguagem popular, por seu hábito simples e estilo bem traçado, pelo afastamento do mundo e vida eremítica. Apenas a Regra, o Breviário, a disciplina, o rosário e o lanço eram objetos de uso particular. Por estes traços, logo foram chamados os frades do povo.

            Em torno de 1580, os Capuchinhos, somente na Itália, eram 3.500 frades, vivendo em 300 conventos e divididos em 18 provincias. Em 2002, são 11 mil frades, organizados em 83 provincias e oito vice-provincias. No Brasil são 10 provincias, duas vice-provinicias e uma custódia, totalizando aproximadamente 1.100 frades.

            Quem é o frade menor capuchinho? Frade quer dizer irmão, aquele que vive a fraternidade e em fraternidade. Por isso isso, é o irmão que vive sem nada de próprio mas, reparte o saber, os dons, os bens, o afeto e o apoio em fraternidade. Capuchinho é o nome popular devido ao capuz pequeno e longo em forma de cone que os frades trazem incorporado à túnica.



            Ação no Amapá

            Em 24 de fevereiro de 1686, o rei D. Pedro II (de Portugal) ordena ao governador do Pará e Maranhão, que ele envie os frades capuchinhos que estão no Pará, a buscar amizade com os indios Tucuju, da região do atual Amapá. Em 24 de março de 1688, o rei escreve a Arthur Sá e Menezes, no governo do Pará, proibindo qualquer alteração na repartição das aldeias do Cabo do Norte entre os padres jesuitas e capuchinhos, feita pelo seu antecessor, Gomes Freire de Andrade.

            Em 12 de abril de 1693, através de carta-régia, o ri de Portugal confia aos capuchinhos a evangelização das terras do Cabo do Norte, situadas à margem esquerda (terras do Amapá) do rio Amazonas, desde o Cabo do Norte até o rio paru (nos limites de Almeirim, no Pará).


            Atualmente existem religiosos capuchinhos na capital do Estado. Eles têm um seminário que fica situado ao lado do Hospital São Camilo (Igreja de Santo Antonio).

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

CANÇÃO DO AMAPÁ, nosso hino oficial




A Canção do Amapá, de autoria do promotor público Joaquim Gomes Diniz (letra) e mestre Oscar Santos (música) – considerada, pela Constituição Estadual de 1991, o Hino do Amapá – foi vencedora do concurso sobre o Hino do Amapá em 16 de abril de 1944. [1] Foi efetivado pela primeira vez como hino oficial, pelo decreto nº 008, de 23 de abril de 1984, confirmado em  16 de junho de 1989 (Decreto nº 0018-E) e ratificado em 10 de abril de 1991 (Decreto nº 59).




            Canção do Amapá

            Letra de Joaquim Gomes Diniz
            Música de Oscar Santos.

            Eia povo destemido
            Deste rincão brasileiro
            Seja sempre o teu grito aprtido
            De leal coração altaneiro.
            Salve rico torrão do Amapá
            Solo fértil de imensos tesouros
            Os teus filhos alegres confiam
            Num futuro repleto de louros.

            Refrão:
            Se o momento chegar algum dia
            De morrer pelo nosso Brasil,
            Há de ver deste povo a porfia,
            Pelejar neste céu cor de anil.
            (Repetir)

            Eia povo herói, varonil,
            Descendente da raça guerreira,
            Ergue forte, leal, sobranceira,
            A grandeza do nosso Brasil.
            Salve rico torrão do Amapá
            Solo fértil de imensos tesouros
            Os teus filhos alegres confiam
            Num futuro repleto de louros.


            Refrão:
            Se o momento chegar algum dia
            De morrer pelo nosso Brasil,
            Há de ver deste povo a porfia,
            Pelejar neste céu cor de anil.
            (Repetir)





[1] (BARBOSA, Coaracy Sobreira. História da Justiça do Amapá, Pág. 85)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

CAMILIANOS - PRESENÇA NO AMAPÁ


Camilianos são padres pertencentes à Ordem dos Ministros dos Enfermos, fundada por s. Camilo de Lélis. Eles chegaram ao Amapá em 9 de fevereiro de 1972, data em que foi fundada uma Casa da referida Ordem. Um dos primeiros padres a chegar por aqui foi Ângelo Pascal. Após a doação do Hospital Escola São Camilo e São Luiz, pelo bioquímico e empresário Marcelo Candia à Ordem, o padre Ângelo Pascal veio administrar o referido hospital em Macapá.

Em 17 de março de 1972 chega o padre Lido Millani para formar o primeiro corpo de Enfermagem no hospital. Em 27 de março de 1972 chega o padre e médico pediatra Raul Matte, proveniente de Curitiba (Paraná), para assumir a direção clínica do Hospital São Camilo. Em 10 de janeiro de 1973 chega o padre e psicólogo Luís Gemelli, para substituir o padre Lídio na administração do Hospital São Camilo.

Outros padres chegaram, e outros permanecem entre nós... todos trabalharam pela promoção da Saúde no Amapá, auxiliados pelo leigo MARCELO CANDIA, que construiu o Hospital São Camilo, seguindo o lema "Estive enfermo, e me visitaste"

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

CABOS GEOGRÁFICOS DO AMAPÁ

CABO CASSIPORÉ




Foi visto pela primeira vez, em 8 de abril de 1604, por La Ravardiére. Localiza-se no extremo-norte de uma baixa lingua de terra que forma o pontal Este da barra do rio Cassiporé, sendo visível cerca de 12 milhas. O livro ROTEIROS, da Marinha de Guerra, faz uma descrição pormenorizada deste acidente geográfico. Vejamos:

Do Cabo Orange até  o cabo Cassiporé, a costa corre por cerca de 35 milhas na direção geral de SE; é baixa, parcialmente inundada e visivel até oito milhas de distancia. Neste trecho, um alto-fundo delta da costa, atingindo o seu máximo no paralelo do Cabo Orange, onde, a 14 milhas de distância, se prumam 5,5 metros. O Cabo Cassiporé é o extremo NE de uma baixa lingua de terra que forma o pontal Este da barra do rio Cassiporé é navegável, com conhecimento do local até a povoação de Japa, situada cerca de 24 milhas da foz, por navios que calem até dois metros; e até a cidade de Portel 36 milhas da foz, por pequenas embarcações.

Do Cabo Cassiporé até a barra do rio Cunani à costa, que é uma linha continua de navegação de mangue, corre por 60 milhas aproximadamente numa direção geral de Sul. Os montes Alhari, com cerca de 400 metros de altitude, ficam situados a aproximadamente 27 milhas SE do Cabo Cassiporé sendo visiveis ao largo com tempo claro, constituindo notável marca para a navegação. (Marinha do Brasil, Roteiros , Rio, 1967)


 CABO NORTE


Denominado inicialmente de Cabo Raso ou Cabo Corso, foi descoberto, pela primeira vez, pelo francês Fernan Froes em 1503. A expressão Cabo Corso foi um apelido dos irmãos de Froes, seus companheiros de navegação. (BRAGA, Theodoro. Apostilla de Historia do Pará, 1913, Belém, Imprensa Oficial do Estado).
Forma o extremo-norte do estuário do rio Amazonas. Do Cabo Orange até o Cabo Norte, a Costa Norte corre por cerca de 185 milhas, numa direção SSE. É baixa e coberta de vegetação de altura moderna, não podendo ser avistada no mar, de distâncias superiores a 10 ou às vezes 12 milhas. Neste trecho da costa desagua grande número de de rios, muitos dos quais são os desaguadouros de lagos ali existentes. A violenta ação das águas desses dois rios juntamente com a do rio Amazonas, produzem constantes alterações na costa.


CABO ORANGE



Em março de 1500, de acordo com a “Capitulación” da viagem de Vicente Pinzón a Granada (America Latina), este navegador teria chegado à região do Amapá entre a foz do (futuro) rio Amazonas e o (futuro) Cabo Orange. A “Capitulación”, assinada em 5 de setembro de 1501, torna publica a aventura acontecida no norte do Brasil, pelo navegador espanhol. É o extremo-norte da costa do Amapá, que forma o pontal Este da barra do Rio Oiapoqude.

Em 1596 o explorador inglês Lawrence Keymis, após chegar ao rio de Vicente Pinzón, e ter denominado de Oiapoque, explora o estuário do Amazonas, chegando ao futuro Cabo Orange. A esse acidente geográfico dá o nome de Cap Cecyll.

Em 28 de maio de 1664, o rei francês Luís XIV decreta que todas as companhias americanas sejam fundidas na Compagnia des Indes Occidentales (Rio Branco III, 82). O capitão Lefebve de La Barre,  entao governador de Cayenne, volta à França após retimar a região em 15 de maio de 1664, e publica um livro com seus estudos sobre a Guiana. Entre outras coisas, ele narra:

“...A Guiana Francesa – propriamente França Equinocial – que contém cerca de 80 leguas francesas de costa, começa no Cabo Orange, que é uma ponta de terra baixa que se lança no mar, e de que se tem conhecimento por tres pequenas montanhas que se vê sobre elas, e que estã além do rio Oiapoque, que se lança no mar sob este Cabo... se pode no rio Maroni limitar a Guiana Francesa” (Rio Branco III, 83). Eram os limites fixados por Richelieu.


Em 4 de março de 1677 o holandês Johannes Apprigiiu chega com 350 homens ao Oiapoque, e funda uma feitoria com o nome de Orange (às proximidades do Cabo Orange), no mesmo lugar onde existiu o Forte de Orange, do almirante Lucifer.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

PRESENÇA CABANA NO AMAPÁ - Informações Históricas



         Sobre a participação de Macapá, Mazagão e Santana no combate aos cabanos, vejamos o relato do geógrafo Antonio Carlos: [1]

No período de expansão dos conflitos provocados pela Cabanagem na região, o espaço amapaense se configurava principalmente como palcos de resistência a esse movimento social, considerado como um dos mais notáveis de nossa história, já que foi a única insurreição em que as camadas populares conseguiram ocupar o poder durante um espaço razoável de tempo.

            Macapá, Mazagão e Santana, por terem sido núcleos de povoamento feitos através de colonos deslocados das possessões territoriais portuguesas na Africa, apresentavam oligarquias locais com forte lealdade ao Estado conservador remanescente da Coroa portuguesa que havia se instalado no país após 1822, com o processo de Independencia.

            Essas oligarquias, que constituíam uma minoria privilegiada, passaram a mobilizar seus recursos e capital para o fortalecimento da resistência aos cabanos, impondo a esse movimento duras baixas, já que  o mesmo procurava destruir as bases da dominação política e econômica desta elite regional. Dessa maneira, Macapá e Mazagão passaram par a a história como burgos que combateram os cabanos despossuídos em defesa da legalidade das classes hegemônicas do Império.

            Nesse período, os franceses tentaram tirar proveito da situação de conflito e instabilidade na região instalando uma fortificação em um dos lagos do município de Amapá, e a partir daí passaram a dar apoio ao movimento cabano. As ações francesas no Amapá provocaram reações da Capital (Rio de  Janeiro), sendo que, como forma de retaliação, a população começou a evitar a compra de produtos originários da França. Diante de tais pressões, o governo Frances retirou suas tropas do Amapá em 1841, tendo os dois países concordado em transformá-lo numa região contestada, passando a ser administrado por um representante do governo brasileiro e outro do governo frances. A desorganização política e econômica da área do Contestado o tornou palco de movimentos separatistas. Um deles foi a fracassada tentativa de independência, quando foi transformado em Republica do Cunani (1885-1887) através de um movimento licerado por um aventureiro frances conhecido como Jules Gross. Este ultimo fato intensificou as pretensões francesas na área.

            O desrespeito ao acordo de neutralização por parte dos franceses, principalmente com a descoberta de ouro em Calçoene, motivou sérios conflitos no final do século XIX, estremecendo as relações diplomáticas entre Brasil e França. [2]





Notas históricas sobre a reação á Cabanagem


            1823

15 de agosto de 1823  – Os vereadores de Macapá e Mazagão fazem o juramento, em obediência ao novo regime do governo imperial do Brasil, após a Independência. Ver documento.

            01 de abril de 1824 –  A Junta  Provisória envia circular ao governo da vila de Macapá, fornecendo instruções que deverão ser observadas no combate aos cabanos nessa região. Ver documento.

15 de maio de 1824  – A Junta Provisória do Governo de Santarém envia instruções ao governador interino de Praça de Macapá, João Baptista da Silva, para serem observadas durante o combate aos cabanos em Macapá. Ver documento.

            7 de janeiro de 1835 – Felix Antonio Clemente Malcher assume no Pará um governo revolucionário, e Bernardo Lobo de Sousa, presidente da Província, é assassinado. Começa o período cabano. Macapá e Mazagão rejeitam o novo governo. Alguns cabanos começam a se fixar no Amapá.

27 fevereiro de 1835 – O juiz de Direito e promotor público de Macapá decide apoiar a decisão da Câmara do Senado em resistir à Cabanagem que ocupou as cidades de Belém e Vigia.

19 de abril de 1835 – Reunidos, os vereadores de Macapá decidiram não aceitar a moeda de cobre criada pelos cabanos que governavam o Pará. Em vista disso, a guarnição da Fortaleza de Macapá não recebia seus saldos há sete meses. Preocupado, o capitão Joaquim Romão de Almeida levou o problema ao juiz de Direito Francisco Valente Barreto e ao promotor Estácio José Picanço. Ver 24 de abril de 1835.

22 de abril de 1835 – Uma comissão de cinco membros, escolhidos em sessão realizada nesse dia, apresenta à Câmara de Macapá o plano de defesa da vila contra os cabanos.  O presidente da Província do Pará delega autoridade ao juiz de Direito Manoel Gonçalves Azevedo para presidir a comissão, que era composta por dois capitães (Joaquim Romão de Almeida e Francisco Valente Barreto), pelo promotor público Estácio José Picanço e mais outros dois, para organizarem o plano. A comissão consegue a nomeação do tenente-coronel Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos com comandante militar de Macapá.

18 de maio de 1835 -  Chega à vila de Macapá o tenente-coronel Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos para comandar a Praça de Macapá. Ele passa a ter, a seu comando, um reforço de seis capitães, seis tenentes, seis alferes, um sargento-ajudante, um sargento-quartel-mestre, 103 sargentos, 205 cabos e 315 soldados.

27 de agosto de 1835 – Reúnem-se na Câmara de Macapá as autoridades civis, militares, eclesiásticas e a população em geral, para encontrarem estratégias de resistência aos cabanos que haviam conquistado Belém e Vigia.

05 de setembro de 1835 – O comandante militar de Macapá, Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos, envia circular às autoridades e fazendeiros macapaenses, dando instruções sobre o combate aos cabanos que já pensavam em tomar Macapá. Ver documento.

20 de dezembro de 1835 -  Os cabanos que se refugiaram em Ilha de Santana são expulsos.

            01 de janeiro de 1836 – O capitão Fernando Rodrigues, comandante da 1ª Cia. da Guarda Nacional, escreve a Jorge Rodrigues, dando notícias sobre a resistência imperial por ocasião da Independência do Brasil em Macapá. Ver documento.

02 de janeiro de 1836 – O comandante  militar de Macapá, Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos, escreve ao governo provincial do Pará, relatando a oferta de várias embarcações de comerciantes de Macapá, para o combate aos cabanos. Ver documento.

12 de fevereiro de 1836 – Por ofício de nº 24, o comandante da Praça de Macapá, major Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos, relata ao presidente da Província do Pará, Jorge Rodrigues, que os norte-americanos estavam dispostos a trocar armamento com gêneros alimentícios.

28 de fevereiro de 1836 – Sai de Macapá uma expedição chefiada por Raimundo Joaquim Pantoja para atacar os cabanos de Breves. Ver 07 de março de 1836.

7 de março de 1836  – Raimundo Joaquim Pantoja, partindo com o alferes Francisco Pereira de Brito e soldados da praça de Macapá, chega em Gurupá (no Pará), onde se encontram os cabanos. Ver 8 de março de 1836.

8 de março de 1836 – Combate na foz do rio Caju-Una, entre cabanos e tropas legalistas, participando soldados macapaenses.

13 de março de 1836 – O major Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos recebe novamente o macapaense e capitão da Guarda Nacional Raimundo Joaquim Pantoja, que solicita mantimentos e armamentos para o combate aos cabanos nas ilhas vizinhas. Monterozzo Acode, prestando-lhe auxílio e providenciando armamentos.

15 de março de 1836 – O comandante da Praça de Macapá, major Francisco Monterozzo, comunica ao presidente da Província do Pará, Jorge Rodrigues, a presença do capataz Manoel Pedro dos Anjos, tenente-coronel comandante dos cabanos, entre as forças que estavam alojadas no litoral da ilha de Marajó. Refere-se ainda à vitória conseguida pelo capitão Pantoja e seu ajudante Francisco Pereira de Brito, contra os rebeldes localizados em Curuçá e Caju-Una.

17 de março de 1836 -  Chegam à vila de Macapá as autoridades de Santarém que acaba de cair em mãos dos revolucionários cabanos, entre elas o juiz de Direito da Comarca de Tapajós, Joaquim Francisco de Souza. (Vidal Picanço, Estácio, Informações sobre História do Amapá, Pág. 85).

23 de março de 1836 – O major Francisco Monterozzo comunica, em ofício, ao presidente da Província do Pará, marechal Jorge Rodrigues, que os cabanos haviam se apossado das cidades de Gurupá e Santarém, chegando aqui na então vila de Macapá, as principais autoridades desses dois municípios paraenses.

15 de abril de 1836 – Sai de Macapá uma expedição comandada pelo alferes Brito, destinada a desalojar os cabanos do arquipélago do Bailique. Ver 17 de abril e 29 de maio de 1836.

17 de abril de 1836 -  Pelo ofício nº 34, o major Francisco Monterozzo informa ao general Jorge Rodrigues que no dia 15 o capitão Raimundo Joaquim Pantoja autorizou o alferes Brito, com três oficiais e 50 guardas de Portel, a saírem de Macapá para a ilha de Gurupá, em duas embarcações, para defenderem a vila de Portel, que se achava ameaçada pelos cabanos do Tapajós.

28 de abril de 1836 – O alferes Brito derrota os cabanos da região de Bailique.

24 de maio de 1836 – O comandante militar de Macapá, major Francisco de Siqueira Monterozzo, escreve ao comandante da Província do Pará, informando do envio de documentos considerados suspeitos, aos cabanos da região. Ver documento.

05 de dezembro de 1836  – Monterozzo escreve ao governador do Pará referindo-se a um episódio ocorrido em 20 de novembro do mesmo ano, em Ilha Vieirinha, perto de Macapá, onde sessenta soldados mataram 30 cabanos ali alojados, incendiando suas casas e apropriando-se de seus pertences. Ver documento.


            9 de julho de 1839 – O comandante da Praça de Macapá, tenente-coronel Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos, é deposto do comando, sob suspeita de que ele favorecia aos cabanos. Ver 29 de julho de 1839.

29 de julho – O Visconde de Souza Franco, governador do Pará, escreve ao ministro da  Guerra, conde Lajes, noticiando o conflito ocorrido em 8 de julho, em Macapá, que resultou na deposição do tenente-coronel Francisco de Siqueira Monterozzo, sob acusação de favorecer aos cabanos. Ver documento.

  01 de março de 1840 – O governo da Província do Pará cria a Colônia Militar Pedro II, situada à margem  direita do Araguary.  A partir desta data finda o periodo cabano em Macapá.



[1] O nome completo do geógrafo é Antonio Carlos Rodrigues dos Santos
[2] SANTOS,  Antonio Carlos Rodrigues dos; Geografia do Amapá, 3ª Ed, 2005, Gráfica RVs, Macapá, p. 14.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A BASE AÉREA DE AMAPÁ



A Base Aérea é um distrito pertencente ao municipio de Amapá, localizado entre um pequeno porto fluvial chamado Cajuriro, no rio Amapá Grande (leste); o rio da Rasa (norte) e a fazenda Santa Bárbara (a oeste). Situa-se a 15 quilômetros da cidade de Amapá, constituindo-se em uma das mais importantes localidades do municipio, em razão de abrigar o aeroporto da cidade, pertencente em 1945 à Base Aérea, local este construído por norte-americanos para abastecer aviões que iriam para combater as tropas do eixo, na Segunda Guerra Mundial. Altitude: 13 metros. Fuso horário: segundo do Brasil.


Tamanho da pista: 3 mil metros. Primeira nave a pousar na Base Aérea: Fortaleza B-29, com a pista ainda não pavimentada, carregando toneladas de bombas para serem armazenadas no paiol da Base Aérea.




HISTÓRICO

Os trabalhos de construção da Base Aerea de Amapá tiveram inicio em 1941, em obediência ao decreto federal 3462, de 25 de julho de 1941, autorizando a realização de operações de guerra em solo brasileiro, e ao mesmo tempo autorizando a Panair do Brasil, na época uma subsidiária da Pan American Airways, para iniciar as obras necessárias à construção de campos de aviação no Norte e Nordeste do Brasil, e com a finalidade de permitir a utilização de aeronaves de grande porte mediante as condições impostas pelo governo norte-americano.


Baseada no artigo I desse decreto, a Panair do Brasil construiu e aparelhou o Aeroporto de Amapá. O governo norte-americano tinha também deves específicos, tais como: Realizar benfeitorias no aeroporto da base, ampliando-o para além de mil metros.; b) preparar piso de modo a suportar a compressão de grandes aeronaves, farol rotativo, luzes para assinalar os limites dos aeroportos, holofotes para iluminar as pistas, e usinas de emergencias para energia elétrica.


            Todos os projetos realizados na Base foram submetidos ao governo brasileiro. Entre esses constavam plantas, orçamentos e especificações técnicas. Por sua vez, o Ministério da Aeronáutica construiu os edifícios para aquartelamento dos contingentes da Força Aérea Brasileira que passaram a operar nas bases de Belém, Fortaleza, Recife e Salvador. Também foi de alçada da Aeronáutica a construção de residências para alojar o pessoal militar não só da FAB, como também da força aérea norte-americana.


            A desapropriação de terrenos e imóveis na área da Base Aérea, incluindo benfeitorias, foi respaldada pelos decretos nº 14.431, de 31 de dezembro de 1943. Entre vários colonos, quem mais perdeu terras foi Assad Antonio Sfair, que teve desapropriada uma área de 6,09 milhões de m2 “para fins de utilidade publica”.


            Entre outros feitos, foram guarnições da marinha norte-americana que destruíram, na costa do Amapá, vários submarinos alemães, entre eles o U-590 (em 9 de julho de 1943) e o U-662 (21 de julho). O U-590 foi comandado pelo 1º tenente Werner Kruel, que antes já havia torpedeado um submarino americano no dia 4 de julho, perto de Belém.


            Quanto ao U-662, este foi destruído no momento em que a aproximação do comboio T-F 2, que já havia perdido a posição de lançamento no dia 19. Assim, perseguindo vários mercantes brasileiros, foi avistado por um avião do Exército americano, no exato momento em que mergulhava. Dado o alarme, saiu o avião AP-94, da Base Aérea de Amapá, trocando tiros com o U-662. Aparece o avião americano PYB e, juntos, destroem o submarino que estava a cem milhas do local.


            Em 13 de outubro de 1951 têm inicio as obras da rodovia que liga a Base Aérea de Amapá ao município de Calçoene, pela Construtora Carmo Ltda, sob a supervisão do empreiteiro Walter do Carmo.



            CONSIDERAÇÕES ATUAIS

            A Base Aérea está situada a 9 quilômetros da cidade de Amapá, e constitui-se em uma das mais importantes localidades do município, devido na mesma estar localizado o aeroporto da cidade de Amapá. A população da Base Aérea atualmente é de 140 habitantes. A quase totalidade da mão-de-obra da Base Aérea encontra-se na atividade da agricultura. A agricultura é a base da economia local, destacando-se a cultura da mandioca, para o preparo exclusivamente da farinha. Podem-se citar ainda alguns cultivos em pequena escola, como milho, batata roxa, abacaxi e banana.

O estado físico do prédio destinado à educação da população da Base Aérea é excelente, possuindo duas salas de aula, dois quartos para professor, uma cozinha, um banheiro com sanitária, uma sala para funcionar a secretaria da escola, um depósito e uma área de estar pertencente à dependência do professor. O material permanente existente, é insuficiente, porém, para atender o bom funcionamento da escola. Existe atualmente em média 30 alunos estudando de 1ª à quarta séries. A merenda escolar é distribuída regularmente pelo Governo do Estado. A localidade possui um posto médico com instalações físicas regulares.O material permanente existente é bastante precário. O fornecimento de medicamentos é irregular. Existe uma pessoa com treinamento básico em primeiros socorros para tender às pessoas que procuram o serviço de saúde.

O sistema de transporte regular da Base Aérea é o mesmo utilizado pela sede municipal, devido as empresas de ônibus que servem o município, que se deslocam para Calçoene e Oiapoque, utilizarem o ramal aonde está localizada a referida comunidade, que liga a sede do município com a BR-156. Ainda existe transporte mantido pela prefeitura, para transportar alunos que residem na Base Aérea, e que estudam na cidade de Amapá. O sistema habitacional da Base Aérea está localizado na quase totalidade dentro da área pertencente ao Ministério da Aeronáutica. As habitações são compostas de palafitas e edificações em alvenaria do referido ministério.


A instalação do sistema de abastecimento de água da Base Aérea é em média 25% das habitações, que se utilizam de poços tipo amazônicos. Vale ressaltar que 95% das habitações possui energia elétrica originária da cidade de Amapá.

sábado, 5 de agosto de 2017

A HISTÓRIA DO BAR CABOCLO


No final dos anos 40, um homem vindo da cidade de Mazagão Velho resolveu montar um negócio. Comprou a área onde funciona atualmente a sede do Sindicato dos Bancários e lá montou uma venda, construída em madeira. Um ponto comercial simples, porém, bem equipado. Lá tinha confecções, picolé, sorvete, produtos alimentícios, suco, refrigerante, aguardente e um nome sugestivo: Bar caboclo. Abrão havia despertado a atenção do povo de uma simples cidade onde quase não havia entretenimento e tudo era novidade.
O bar ficava em área alagada, onde pontes de madeira serviam como passarela para o vai-e-vem dos dias e das noites. O novo ponto comercial da cidade foi visto como uma mina de ouro por mulheres que sobreviviam da prostituição. Não havia local melhor na cidade para se conseguir fregueses. Ali próximo atracavam todas as embarcações que chegavam à Macapá trazendo caboclos ribeirinhos e também marinheiros estrangeiros que ao desembarcarem faziam logo procuração pelo bar.
De acordo com Abrão, o Bar Caboclo nunca serviu como pista de dança e muito menos chegou a ser hospedaria de prostitutas. Segundo ele, o que não faltava eram quartos naquelas imediações para que elas desenvolvessem suas atividades.

“Eram apenas minhas freguesas. Me davam certo problema porque afastavam outro tipo de freguesia. Mas não poderia proibi-las de entrar no bar, mesmo porque elas também me davam lucro”, conta pensativo.
O proprietário do bar tinha lucro com as prostitutas porque quando um freguês se engraçava com alguma delas não tinha pena de esbanjar dinheiro. Abrão cita um costume das freqüentadoras de seu bar: “Adoravam pedir para os caboclos pagarem cerveja para elas e me diziam no ouvido para eu esquecer a bebida e entregá-las o dinheiro mais tarde. Nunca gostei disso”.
            Quando os marinheiros não tinham dinheiro para pagar o serviço de bar e o serviço das mulheres, sempre deixavam jóias para cobrir a dívida. Abrão exibe até hoje um anel que recebeu de um gringo (jornal de 1995). Quanto aos caboclos, esses, quando não tinham dinheiro para cobrir suas despesas, o dono do bar até que aceitava um pagamento posterior. Mas com as prostitutas não tinha acordo. A pancada comia e a Guarda Territorial entrava em ação.
O bar enfrentava outros problemas. Macapá era abastecida de energia das 22h até às 6 da manhã. Por determinação da Guarda Territorial o ponto poderia funcionar apenas até a meia-noite. “Era a época em que tínhamos como Governador Evanhoer Gonçalves e havia um delegado de polícia chamado Isnar Leão que não dava mole. Ninguém ficava fora de casa depois da meia-noite”, enfatiza Abrão.


UM NOVO BAR
            O ponto comercial de Abrão deu certo e em três anos ele inaugurou um outro bar, todo em alvenaria, muito mais equipado e pintado em cor rosa. No seu interior tinha uma gravura, de um casal de índios, feita pelo pintor Herivelto. Era um prédio, segundo Abrão, bastante chamativo. Havia poucos como aquele na cidade. O empreendimento mudou de cara e de local, mas o nome permaneceu o mesmo.
Agora o bar caboclo passava a funcionar onde está localizada atualmente uma loja de discos. A freguesia aumentava mais ainda. Em menos de uma hora de funcionamento o comerciante conseguia vender quase quatro grades de cerveja. O bar já era freqüentado até por p3essoas consideradas da “alta”, mas alguns homens não admitiam que suas mulheres pisassem no local. Há um antigo comentário de que um radialista da Rádio Difusora de Macapá chegou a ir buscar sua esposa aos tapas na porta do bar. Ali também era considerado o ponto da fofoca. Depois de alguns copos de cerveja, os homens costumavam fazer comentários sobre os casos de adultérios da cidade. Outro assunto de mesa de bar era virgindade. Todos pareciam saber quais as garotas que eram e as que não eram virgens.
Com o passar dos anos foram aparecendo outros estabelecimentos comerciais na cidade como as boates Merengue e Suerda. Como tudo o que aparecia em Macapá era novidade, essas casas chegaram a roubar a freguesia do Bar Caboclo. A Suerda funcionava como prostíbulo e suas prostitutas tinham fama de ser bonitas. Muitas vinham de outros estados para disputar o mercado com as amapaenses do Bar Caboclo. Mas essa concorrência não foi fato para prejudicar o sucesso do ponto comercial de Abrão. As freqüentadoras do bar caboclo não inflacionavam o preço de seus serviços e recuperavam seus fregueses.
Seria um erro falar sobre o ponto comercial de Abrão sem citar que o bar era uma espécie de reduto dos literatos e jornalistas da época. Muitos deles não iam para o bar com intenção de pegar uma prostituta e levar para um quarto. A movimentação de ir para a cama com alguma prostituta, as brigas, o comportamento de quem olhava o movimento de fora, a fofoca, enfim os intelectuais sabiam que estavam freqüentando um ambiente que ia entrar para a história do Amapá. Apesar da fama, o local tinha um comércio diversificado.



O FIM DO BAR
Abrão diz que com o aparecimento do Plano Cruzado ficou sem condições de trabalhar devido a crise financeira.
“A crise me pegou de jeito e tive que fechar o negócio”, lamenta. O velho Bar Caboblo foi alugado então ao comerciante Edivar Juarez que lá montou a loja Discão Sucesso. Foram anos de trabalho insuficientes para dar a Abrão a vida de homem rico. A história do bar Caboclo hoje é enredo de peça teatral. O que não é de agrado daquele que foi proprietário do bar. “Ninguém veio me procurar para saber da história. Tudo foi desvirtuado e é compreendido como fato verídico. Isso não poderia ter acontecido”, enfatiza.
Atualmente Abrão reside na avenida Iracema carvão Nunes, em frente a caixa Econômica (jornal de 1995). Divide uma casa simples com uma filha de criação e a esposa, Mirian Fonseca de Castro, que trabalhou também no bar, ao lado do marido, e hoje vive em uma cadeira de rodas compartilhando com Abrão as memórias dos velhos tempos.


Com o fechamento do Bar Caboclo, as prostitutas passaram a freqüentar o Bar do Chico que dificilmente era chamado pelo nome. As pessoas sempre se referiam ao ponto como se ali fosse o bar caboclo. Agora o sobrado foi demolido e lá será construída uma loja. As prostitutas nada puderam fazer para evitar o fechamento. Mas prepararam uma feijoada para dar adeus a uma história onde foram as personagens principais.

MARABAIXO: MAIS RESPEITO À NOSSA CULTURA

Mestres Julião Rams e Raimundo Ladislau O Marabaixo atualmente é a maior expressão cultural do nosso Estado, e em especial de nossa c...