O Amapá completa, nesta
sexta-feira, 5, 30 anos como Unidade Federativa. Sua história é recheada de
feitos heroicos, e sua população foi uma das únicas (talvez a única) que lutou,
por centenas de anos, para ser brasileira.
Pelo Tratado de Tordesilhas,
a área do atual Estado do Amapá pertencia aos espanhóis. Durante a União
Ibérica entre Portugal e Espanha (1580 e 1640) a região foi doada ao português
Bento Maciel Parente, com o nome de Capitania do Cabo do Norte. Felipe II, rei
espanhol, assim agiu para tentar fortificar a região, ponto de atração
constante de holandeses, ingleses e franceses, que chegaram a instalar
estabelecimentos comerciais no Amapá.
Depois
da restauração (1640, quando Portugal volta a ter independência em relação à
Espanha), dom João IV reconhece como válido o ato do monarca espanhol sobre a
doação da capitania, e Bento Maciel Parente continua como donatário da
corporação.
Orla de Macapá. Imagem: Antonio Luiz
Embora
pelo Tratado de Tordesilhas a região, na realidade, fosse espanhola, naquela
área específica não houve contestação da Espanha. O difícil para Portugal foi
enfrentar os franceses que tinham instalado uma praça militar em Cayenne, ao
norte da então Capitania do Cabo do Norte,e
não davam sossego aos portugueses, como antes da concessão a Bento
Parente.
O
cardeal Richelieu chegou a criar uma Companhia de Comercio, em 1633, como parte
de um plano de futura ocupação ao longo dos rios Amazonas e Orenoco. A mais ousada
tentativa de ocupação francesa ocorreu em 1697, quando tropas desceram de
Cayenne rumo ao Amapá, ao comando do governador De Ferrolles, um empreendimento
militar inicialmente vitorioso pela surpresa, mas afinal derrotado. Se não
conseguisse expulsar os franceses de Macapá nessa ocasião, Portugal certamente
teria perdido sua capitania, pois aquela tentativa era definitiva para os
francesa.
Derrotados
militarmente, tiveram de acatar diplomaticamente a derrota assinando o Tratado
de Utrecht (1713), pelo qual reconheciam a soberania portuguesa na região. A
preocupação com os franceses, entretanto, continuou, a ponto de em 1764 Portugal construir a Fortaleza de São
José de Macapá, a maior do Brasil-Colônia, que só ficaria pronta 18 anos
depois, em 1782. Após a
assinatura do Tratado de Madrid em 1750, Portugal começou a se preocupar com a
exploração e a defesa da região.
Macapá, capital, banhada pelo Rio Amazonas. vista aérea
Imigrantes
açorianos e marroquinos iniciam sua ocupação. Com a construção da Fortaleza de
S. José de Macapá, os portugueses dificultam os ataques dos franceses,
estabelecidos na vizinha Guiana. Até o último quartel do século XIX, o Amapá
permaneceria pouco mais que uma praça de guerra, a rigor sem atividade
econômica. Por essa época, porém, foi descoberto ouro no rio Calçoene.
Com
a independência do Brasil em 1822, o Amapá permaneceu ligado à Província do
Pará e continuou enfrentando problemas de fronteira com a França. Os dois
países disputam a região entre os rios Oiapoque e Araguari, que corresponde à
quase metade da área atual do Estado.
A
questão só se resolveu em 1900, com a intermediação do presidente suíço Walter
Hauser, que confirmou, em 1º de dezembro, os direitos brasileiros sobre a área,
que se vincula novamente ao Estado do Pará.
Em
15 de fevereiro de 1901 o presidente da República Campos Sales, por decreto
incorpora oficialmente ao Pará, o antes Território Contestado do Amapá. O
Governo do Pará já havia se antecipado em 21 de janeiro de 1901, mas o Governo
Federal resolveu elaborar o decreto após a entrega oficial da região, pelos
franceses, feita em 14 de fevereiro de 1901.
Em
1943, o governo federal cria os Territórios Federais (13 de setembro), através
do decreto-lei nº 5.812. Entre eles, o de Amapá.
Em
1944 o Amapá recebe seu primeiro governador: Janary Gentil Nunes, que prefere
Macapá à cidade de Amapá como capital do novo Território. Em 1946, com a descoberta de jazidas de
manganês, em Serra do Navio, inicia-se a exploração do minério, pela Icomi
(Industria e Comércio de Minérios), subsidiária da norte-americana Bethlehem
Steel.
Entre
1980 e 1990, a economia cresce bem visivelmente, com base no extrativismo mineral
e vegetal e em atividades industriais. Beneficiado pela Constituição Cidadã de
1988 (Artigo 14 das disposições transitórias), o Estado do Amapá se torna
Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário