O município de Mazagão foi criado em 28 de
novembro de 1890, pela Lei Estadual (do Pará) nº 226. Mas a vila de Mazagão existia desde 23
de janeiro de 1770, atualmente denominada de Mazagão Velho
Área: 13.131 Km2.
Altitude da sede: 9.,49m.
Limites: Santana,
Porto Grande, Amapari, Laranjal e Vitória do Jarí.
Distância para a
capital: 31 km.
População: Censo 2010: 16.923 habitantes; Estimativa
2006: 13.913 habitantes; Censo 2000: 11.986 habitantes.
Divisão política:
Distritos: Mazagão,
Carvão e Mazagão Velho.
Comunidades: Ajudante
e Carvão,
• Atrações
Turísticas: o povo de Mazagão é bastante católico e mantém como tradição
cultural a realização da Festa de São Tiago, que ocorre de 16 a 27 de julho, onde são
encenadas as batalhas que relembram a luta entre mouros e cristãos. A festa tem
esse nome pelo fato de nela haver se destacado um jovem cavaleiro lendário de
nome Tiago, que teria ajudado aos cristãos a derrotar os mouros.
Os rios do município
de Mazagão possuem aproximadamente 17 cachoeiras. O principal é o rio Maracá.
• Eventos
culturais:
Comemora-se no dia 13
de janeiro o aniversário da cidade. Na segunda quinzena de julho comemora-se o Festival
da mandioca. No mês de agosto, há os festejos em homenagem à padroeira
da cidade: Nossa Senhora da Assunção. Há ainda o “festival da laranja”
no mês de agosto e o “festival do abacaxi” na primeira semana do mês de
setembro.
A cidade de Mazagão
liga-se à Macapá por via fluvial e rodoviária.
A MAZAGÃO AFRICANA
Situada ao Norte da
África, na área geográfica em que onde estão localizados os reinos do Marrocos
e Maritânia, havia uma querela entre os portugueses, cristãos e árabes
muçulmanos.
A história destes
dois países do continente africano remonta à histórica Antiga. O Marrocos, na
Antigüidade, era parte do império cartaginês. Após a conquista romana,
transformou-se na Província da Mauritânia. Mais tarde foi vítima de invasões
sucessivas, até sua conquista pela Arábia no ano de 638. Marrocos tornou-se
independente em 788.
No século XV,
portugueses e espanhóis chegaram aos portos marroquinos e promoveram o comércio
entre estes povos e os europeus, o que culminou com a conquista lusitana da
área geográfica desses países africanos.
A estrutura social da
Mazagão africana, já nos séculos XVII e XVIII refletia um número elevado de
moradores da casa real; grande soma de cavaleiros fidalgos e da ordem de
Cristo; pequeno número de elementos do terceiro estado; escassa presença dos
fronteiriços; poder de compra ínfimo e baixo nível populacional. Por causa da
falta de distribuição igualitária de rendimentos, a população vivia na
dependência sócio-econômica quase exclusiva do rei.
No século XVI, em
1529, foi instalado em Marrocos um novo poder árabe denominado de Xerife, o
qual atacou o reino de Fêz, também de denominação muçulmana, acusado de pactuar
com os católicos, trazendo prejuízos à causa islâmica. A luta religiosa já se
fazia sentir entre as duas religiões. Nas ruas de Fêz, a frase mais pronunciada
pelos seguidores de Maomé era: “guerra aos cristãos”.
O rei D. João III,
rei de Portugal, a partir de 1521, procurando enfrentar o espírito guerreiro-religioso
dos habitantes do norte da África, decidiu, em 12 de fevereiro de 1549,
construir em Alcácer-Quibir um forte para a defesa da cidade, pois as praças
lusitanas já corriam risco, entre elas a de Mazagão.
Foi nessa “Guerra
Santa” entre cristãos e mouros na região marroquina – Mauritânia, que muitos
portugueses perderam suas vidas (dentre eles o jovem Rei D. Sebastião) e outros
ficaram feridos (como o soldado e mais tarde, o mais famoso poeta da literatura
universal, Luiz Vaz de Camões, que sofreu profundo ferimento no olho direito).
A batalha lusitana
continuava ao Norte da África, durante o século XVI. Em 1562, quando os mouros
entraram em Mazagão com 150 mil soldados, a praça foi defendida até por
mulheres com crianças ao colo, fazendo com que as poucas centenas de
portugueses conseguissem rechaçar os terríveis mouros. Ao final da batalha,
mais de 25 mil soldados mouros estavam mortos, enquanto que do lado dos
portugueses não chegaram a 150 e apenas 270 ficaram feridos. Mesmo assim, com
exceção de Tanger, Ceuta e Mazagão, os mouros dominaram quase todo o norte da
África.
Foi por causa dessas
lutas e dependência econômica que o marquês de Pombal, ministro do rei Dom José
I, resolveu desativar a Mazagão africana. Este acontecimento pôs fim à “Guerra
Santa” naquela região. Nesse sentido foi criada a Mazagão Amazônica para
abrigar 136 das 340 famílias portuguesas residentes na África, acompanhadas de
103 escravos, que se transformaram nos primeiros agricultores da região.
A MAZAGÃO AMAZÔNICA
Desativada a cidade
de Mazagão na África pela carta régia de 10 de março de 1769, decretada pelo
rei D. José I, o Marquês de Pombal toma as providências necessárias para
transferir as 340 famílias portuguesas sediadas no último reduto lusitano.
Em janeiro de 1770,
desembarcaram na capital paraense três navios: São Francisco, São Joaquim e
Santana trazendo um total de 1022 pessoas, que fugiam do castelo da Mazagão
Africana em conseqüência da “Guerra Santa” travada entre católicos e muçulmanos
ao Norte da África.
Quando deixaram a
região marroquina – Mauritânia, os mazaganistas – assim chamados na desativada
Mazagão – retiraram seus objetos de valor e atearam fogo nas minas,
destruindo-as completamente. Mas assim mesmo, por ordem do rei, os mouros
ocuparam-nas. Foi sem dúvida, nessa região setentrional africana, que se teve a
exata dimensão do espírito ambicioso dos portugueses, iniciado nos embates
contra os seguidores do islamismo e sacramentado nas célebres batalhas entre
cristãos e mouros.
Belém recebe com entusiasmo
os bravos mazaganenses africanos, os hospeda até junho de 1771. Nesse ínterim,
o governador do Grão-Pará e Maranhão, Ataíde Teive, já estava providenciando a
construção da nova Mazagão em plena região amazônica, ou seja, do atual
Município de Mazagão. Esta ordem foi dada no mês de janeiro de 1770. A construção teve
início em 23 de janeiro de 1770, pelo oficial português, capitão Inácio de
Castro Sarmento, que traçou a planta da futura Vila e foi encarregado de
administrar as obras. A Vila estava sendo levantada à margem esquerda do rio
Mutuacá. As casas que abrigariam as famílias lusitanas foram construídas de
taipa e cobertas com palha. Das 340 famílias mazaganistas, 136 foram
transferidas para a Mazagão amazônica em 1771. Outras ficaram nas regiões de
Belém, na vila vistosa de Madre de Deus e algumas em Macapá, compostas na sua
maioria por oficiais.
Em 14 de maio de
1833, Mazagão Velho perde sua categoria de vila e até mesmo seu nome de origem,
passando a denominar-se Regeneração, ficando sua jurisdição administrativa
subordinada ao município de Macapá. Esta situação vigorou por 8 anos. Somente
em 30 de abril de 1841, através da lei provincial do Pará nº 88, Mazagão Velho
é restaurada, tanto com relação à autonomia administrativa, quanto em sua denominação.
Pela lei provincial nº 87 da mesma data, Mazagão volta a funcionar como
Comarca, sendo-lhe, portanto, restituído o poder. Em 16 de fevereiro de 1842,
em sessão solene, tomam posse os membros da Primeira Comarca.
Em 9 de março de
1916, pela Lei Estadual nº 1711, a sede do município de Mazagão passa a se
chamar Mazaganópolis, perdendo a categoria de sede da Comarca, passando a
constituir-se no 2º Distrito Judiciário da Comarca de Macapá.
Em 23 de janeiro de
2006, o embaixador de Portugal e o Adido Cultural do Marrocos participam de
cerimônia em homenagem aos primeiros colonos de Mazagão, que vieram do
Marrocos.
A ATUAL MAZAGÃO
A antiga cidade da
Mazagão Amazônica, apesar do grande prestígio que gozou no início de sua
povoação, não logrou o mesmo êxito, principalmente a partir dos últimos anos do
século passado, tendo até mesmo sido rebaixada à antiga categoria de povoado.
O governo do Estado
do Pará, após analisar relatórios que constantemente lhe eram enviados
descrevendo a situação política, econômica e social de Mazagão Velho, resolveu,
por volta de 1915, autorizar que fosse esse burgo incorporado ao de Macapá. Os
mazaganistas acharam a medida arbitrária, pois traria inúmeros prejuízos a sua
cultura. Por outro lado, queriam continuar politicamente autônomos. As
autoridades decidiram então, que se deveria escolher um novo local para a
instalação da sede do Município. A escolha recaiu sobre uma área que fica ao
Norte da antiga Mazagão Velho, mais próxima da cidade de Macapá, entre o rio
Vila Nova e o braço esquerdo do Amazonas.
Ergueram-se as
primeiras casas na nova localidade e para lá se transferiram algumas famílias,
indignadas com o fato da vila haver perdido status de cidade. O que se deu
através da lei estadual do Pará – nº 46.
Foi criada, então, a nova cidade de Mazagão,
cuja instalação se deu no dia 15 de novembro de 1915. Para evitar equívocos em
relação à primeira, a cidade recebeu o nome de Mazagão Novo ou Mazaganópolis,
onde funciona atualmente a sede desse Município do Estado do Amapá.