Estadista e fundador de Macapá,
Francisco Xavier de Mendonça furtado nasceu em Lisboa em 3 de março de 1700, e
faleceu também em Lisboa em 15 de novembro de 1769. Em 24 de setembro de 1751
toma posse no governo da Provincia do Pará, governando até 2 de março de 1759.
Constava no ato de nomeação, entre
outras coisas, a povoação das missões do Cabo do Norte; a defesa da região
frente às ameaças dos franceses e holandeses, a entrega das aldeias do Cabo do
Norte aos jesuitas, e o exame e reparo das fortificações, especialmente as da
Costa Norte de Macapá.
Em 4 de dezembro de 1751, em carta
endereçada ao chanceler do reino português, Luís da Cunha Ataíde, Mendonça
Furtado comenta a dificuldade do transporte disponivel aos povoadores da nova
povoação de Macapá, no Cabo do Norte. Declara só ter podido mandar 234 pessoas.
“Já mandei um clérigo, a quem aqueles novos moradores chama vigário... Não me
pareceu que nada estava primeiro que povoar do que Macapá, porque temos ali
mais vizinhos... e em saindo a frota vou logo fundar a nova Povoação de São
José de Macapá, se Sua Majestade for servido que assim se chame...” (Sarney,
Amapá Terra onde o Brasil começa; Senado Federal, 1999, página 116).
Em
18 de dezembro de 1751 Furtado passa instruções ao capitão-mor João Batista de
Oliveira para os trabalhos preliminares de elevação de Macapá à categoria de
vila. Parte importante das instruções é relativa aos contatos que estavam
proibidos com os franceses de Ceyenne. Em 19 de dezembro, por autorização de
Mendoça Furtado, saem de Belém, para povoar Macapá, ao comando do captião-mor
João Batista Oliveira, 302 açorianos e dezenas de soldados. Em 25 de janeiro de
1752, Furtado comunica ao rei de Portugal as providências que foram tomadas com
relação aos trabalhos de fortificação de Macapá (Baena, Antonio. Compêndio...).
Em 6 de março chega o governador a Macapá e fica espantado com o quadro de
miséria. O médio que o acompanha, em pouco tempo consegue, felizmente, vencer
as moléstias que atingiam os colonos açorianos.
Em
17 de janeiro de 1754, visita novamente o então povoado de Macapá e ordena a
construção de quartéis e de uma vala para abrigo das canoas expostas à fúria
das águas amazônicas. Desta vez, ao comando da viagem que fez em 7 de março de
1753, tem uma boa impressão de Macapá, que no oficio enviado a Pombal, seu irmão
e ministro do rei D. José I diz: “Aquelas terras de Macapá lembram as vilas de
Cintra e Colares, no termo de Lisboa” (Baena, Antonio; Compêndio das Eras da
Província do Pará...).
Em 18 de janeiro propõe ao rei a criação
de uma Companhia de Comercio com o dinheiro e influência dos comerciantes do
Pará e Maranhão, conseguindo juntar apenas a importância de 30 mil cruzados,
tidos como insuficientes para a empresa de tal monta. Teve, daí em diante, de
enfrentar a poderosa reação dos Regulares da Companhia de Jesus, que viam na
referida empresa, tornada realidade em 7 de junho de 1755, com o apoio qu elhe
deu o marques de Pombal e o dinheiro dos comerciantes das praças de Lisboa e do
Porto, obstáculos ao comercio que mantinham
no Pará.
Em 1º de fevereiro de 1754 escreve ao
rei português pedindo providências para a construção da futura Igreja de São
José de Macapá cuja conclusão se deu em 6 de março de 1761. Promove a criação
da Capitania do Rio Negro, de acordo com a Carta Régia de 3 de março de 1755 e
estabeleceu os limites do Pará e Amazonas, assunto controvertido pelas duas
partes interessadas.
Segundo
Matos Siqueira, um dos biógrafos mais completos de Mendonça Furtado, naquela
época todos os moradores de Belém, sem distinção de cargos, faziam mercado com os
indios, escravizando-os. Disse mais: “As dilapidações à Fazenda Real, as
extrações ao particular, o assalto à propriedade alheia, eram as proezas comuns
dos portugueses. As queixas do Maranhão chegavam constantemente ao Tribunal do
Conselho Ultramarino, que mais os fazia soar aos ouvidos reais”.
Continua Siqueira: “Pombal, que
entregara a catequese dos indios aos capuchos italianos, afirmou defender a
honra e a liberdade dos indios; fixou a jurisdição de governadores, capitães e
ministros; proibiu a escandalosa venda dos oficios em hasta publica de que até
havia na metrópole corretores oficiais; prendeu, destituiu, multou, desterrou,
tudo, porém, exageradamente, como era do seu feitio. No Pará havia o terror.
Furtado, executor do plano do irmão, que lhe emprestara, assim, um dos seus
pulsos de ferro, escrevia ao seu irmão constantemente, pondo-o ao fato dos mais
miudos pormenores de seu governo” (Rocque, Carlos. Enciclopédia da Amazônia...
pág. 791).
Em
1º de fevereiro de 1757 aporta pela terceira vez em Macapá. Nesse mesmo ano dá
execução à Pastoral do Bispo, estabelecendo a liberdade dos indios. Transformou
em vila as aldeias missionadas pelos religiosos, assim como as militares, como
aconteceu com Macapá, em 4 de fevereiro de 1758. Estabeleceu, de acordo com a
Provisão de 2 de fevereiro de 1758, por ser o Rio Gurupi – a linha divisória da
Provincia Eclesiástica do Pará, principiando a do Maranhão na margem direita
oriental do rio, e da margem fronteira à do Pará.
Em 1766 está em Portugal, como secretário de Estado do Reino.
Como secretário, facilitou o envio das peças de artilharia para a Fortaleza de
São José de Macapá. Faleceu em 1769, em Lisboa, aos 69 anos. A primeira rua de
Macapá, antes chamada Boulevard de Macapá, recebe seu nome a partir de 1945,
por ato do governador Janary Nunes, como homenagem.