quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Personalidade: MENDONÇA FURTADO (1700 - 1769)



Estadista e fundador de Macapá, Francisco Xavier de Mendonça furtado nasceu em Lisboa em 3 de março de 1700, e faleceu também em Lisboa em 15 de novembro de 1769. Em 24 de setembro de 1751 toma posse no governo da Provincia do Pará, governando até 2 de março de 1759. Constava no ato de  nomeação, entre outras coisas, a povoação das missões do Cabo do Norte; a defesa da região frente às ameaças dos franceses e holandeses, a entrega das aldeias do Cabo do Norte aos jesuitas, e o exame e reparo das fortificações, especialmente as da Costa Norte de Macapá.

Em 4 de dezembro de 1751, em carta endereçada ao chanceler do reino português, Luís da Cunha Ataíde, Mendonça Furtado comenta a dificuldade do transporte disponivel aos povoadores da nova povoação de Macapá, no Cabo do Norte. Declara só ter podido mandar 234 pessoas. “Já mandei um clérigo, a quem aqueles novos moradores chama vigário... Não me pareceu que nada estava primeiro que povoar do que Macapá, porque temos ali mais vizinhos... e em saindo a frota vou logo fundar a nova Povoação de São José de Macapá, se Sua Majestade for servido que assim se chame...” (Sarney, Amapá Terra onde o Brasil começa; Senado Federal, 1999, página 116).

            Em 18 de dezembro de 1751 Furtado passa instruções ao capitão-mor João Batista de Oliveira para os trabalhos preliminares de elevação de Macapá à categoria de vila. Parte importante das instruções é relativa aos contatos que estavam proibidos com os franceses de Ceyenne. Em 19 de dezembro, por autorização de Mendoça Furtado, saem de Belém, para povoar Macapá, ao comando do captião-mor João Batista Oliveira, 302 açorianos e dezenas de soldados. Em 25 de janeiro de 1752, Furtado comunica ao rei de Portugal as providências que foram tomadas com relação aos trabalhos de fortificação de Macapá (Baena, Antonio. Compêndio...). Em 6 de março chega o governador a Macapá e fica espantado com o quadro de miséria. O médio que o acompanha, em pouco tempo consegue, felizmente, vencer as moléstias que atingiam os colonos açorianos.

            Em 17 de janeiro de 1754, visita novamente o então povoado de Macapá e ordena a construção de quartéis e de uma vala para abrigo das canoas expostas à fúria das águas amazônicas. Desta vez, ao comando da viagem que fez em 7 de março de 1753, tem uma boa impressão de Macapá, que no oficio enviado a Pombal, seu irmão e ministro do rei D. José I diz: “Aquelas terras de Macapá lembram as vilas de Cintra e Colares, no termo de Lisboa” (Baena, Antonio; Compêndio das Eras da Província do Pará...).

Em 18 de janeiro propõe ao rei a criação de uma Companhia de Comercio com o dinheiro e influência dos comerciantes do Pará e Maranhão, conseguindo juntar apenas a importância de 30 mil cruzados, tidos como insuficientes para a empresa de tal monta. Teve, daí em diante, de enfrentar a poderosa reação dos Regulares da Companhia de Jesus, que viam na referida empresa, tornada realidade em 7 de junho de 1755, com o apoio qu elhe deu o marques de Pombal e o dinheiro dos comerciantes das praças de Lisboa e do Porto, obstáculos  ao comercio que mantinham no Pará.

Em 1º de fevereiro de 1754 escreve ao rei português pedindo providências para a construção da futura Igreja de São José de Macapá cuja conclusão se deu em 6 de março de 1761. Promove a criação da Capitania do Rio Negro, de acordo com a Carta Régia de 3 de março de 1755 e estabeleceu os limites do Pará e Amazonas, assunto controvertido pelas duas partes interessadas.

            Segundo Matos Siqueira, um dos biógrafos mais completos de Mendonça Furtado, naquela época todos os moradores de Belém, sem distinção de cargos, faziam mercado com os indios, escravizando-os. Disse mais: “As dilapidações à Fazenda Real, as extrações ao particular, o assalto à propriedade alheia, eram as proezas comuns dos portugueses. As queixas do Maranhão chegavam constantemente ao Tribunal do Conselho Ultramarino, que mais os fazia soar aos ouvidos reais”.

Continua Siqueira: “Pombal, que entregara a catequese dos indios aos capuchos italianos, afirmou defender a honra e a liberdade dos indios; fixou a jurisdição de governadores, capitães e ministros; proibiu a escandalosa venda dos oficios em hasta publica de que até havia na metrópole corretores oficiais; prendeu, destituiu, multou, desterrou, tudo, porém, exageradamente, como era do seu feitio. No Pará havia o terror. Furtado, executor do plano do irmão, que lhe emprestara, assim, um dos seus pulsos de ferro, escrevia ao seu irmão constantemente, pondo-o ao fato dos mais miudos pormenores de seu governo” (Rocque, Carlos. Enciclopédia da Amazônia... pág. 791).


            Em 1º de fevereiro de 1757 aporta pela terceira vez em Macapá. Nesse mesmo ano dá execução à Pastoral do Bispo, estabelecendo a liberdade dos indios. Transformou em vila as aldeias missionadas pelos religiosos, assim como as militares, como aconteceu com Macapá, em 4 de fevereiro de 1758. Estabeleceu, de acordo com a Provisão de 2 de fevereiro de 1758, por ser o Rio Gurupi – a linha divisória da Provincia Eclesiástica do Pará, principiando a do Maranhão na margem direita oriental do rio, e da margem fronteira à do Pará.     
   
       Em 1766 está em Portugal, como secretário de Estado do Reino. Como secretário, facilitou o envio das peças de artilharia para a Fortaleza de São José de Macapá. Faleceu em 1769, em Lisboa, aos 69 anos. A primeira rua de Macapá, antes chamada Boulevard de Macapá, recebe seu nome a partir de 1945, por ato do governador Janary Nunes, como homenagem.

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