sexta-feira, 1 de setembro de 2017

MÁRIO QUIRINO DA SILVA



Lembramos, nesta data (1º de setembro de 2017), os 32 anos de saudades, pela morte de um dos grandes educadores que o Amapá teve. Seu nome, MÁRIO QUIRINO DA SILVA. Em Macapá desde 1945, ele nasceu no dia 02 de junho1925, em Belém do Pará, e faleceu em SP, em 1º de setembro de 1985.. Filho de Manoel Quirino da Silva e Petronila Pereira da Silva. Realizou seus primeiros estudos com a professora Rosa Fontes. Aos 19 anos passa a morar em Macapá, e, em seguida para o Oiapoque.

No dia 10 de abril de 1945 foi admitido pelo governo do Território Federal do Amapá como “extranumerário-diarista” e trabalhou no Departamento de Viação e Obras Públicas da Prefeitura Municipal do Oiapoque por um ano. Morava em uma pequena pensão e fazia todos os trabalhos de um escriturário. Trabalhava escrevendo muito, nas contas e nos documentos. O seu trabalho era conhecido nessa época como Auxiliar de Campo. Em certa ocasião, em março de 1946, serve como escrivão no inquérito que investigara uma autoridade do Oiapoque.



Em abril de 1946, por ordem do secretario geral do território, Raul Monteiro Valdez, ele foi transferido para a Secretaria de Obras em Macapá. Em 1º de novembro de 1947 já ocupava o cargo de escriturário da Divisão de Obras do Quadro de Funcionários do Território Federal do Amapá. Participou ativamente da fundação da União dos Estudantes Secundaristas do Amapá e foi eleito seu primeiro presidente em Julho de 1952. Em março de 1954 recebe o diploma de Técnico em Contabilidade, obteve o 1º lugar em cultura geral e mais uma vez foi o orador na colação de grau de sua turma.

Naquele mesmo ano o governo do Amapá precisava escolher, treinar e capacitar alguém para trabalhar na tarefa de administrador público. O governador atento à capacidade daquele rapaz, escolheu o Mário e o enviou para uma das escolas mais importantes do país: a Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na cidade do Rio de Janeiro. Naquela época o Rio era a capital do Brasil e aquela escola recebia alunos de toda a América do Sul. Na escola novamente ele foi um aluno dedicado ao estudo. Realizou os cursos de “Introdução à Administração Pública”, “Chefia Administrativa” e “Organização e Métodos”. Obteve o 2º lugar com a nota 9,5 e recebeu os cumprimentos e um prêmio das mãos do diretor da escola, Professor Benedito Silva. Representou bem o Amapá.



 Em 1954 casa-se com a professora Delzuite Façanha da Silva. Preocupado e pensando na família, em meados dos anos 60, ele decidiu adquirir um terreno da prefeitura de Macapá para construir sua própria casa. Após pagar o lote de terra iniciou a construção de uma casa de alvenaria, na Rua Leopoldo Machado n° 1376, esquina com a Avenida Machado de Assis, no bairro central. Foram cinco longos anos de construção. Para sua família, orgulhoso, ele a chamava de “O Castelo da Leopoldo” porque à noite sua iluminação e pintura suave faziam-na parecer um castelo.

Em 26 de julho de 1963, após uma experiência na direção da Radio Difusora de Macapá, o governo do Amapá o envia para um estágio de 15 dias no prédio da Imprensa Nacional na cidade do Rio de Janeiro. Lá, ele deveria “se familiarizar com a organização e métodos de trabalhos nesse organismo da administração federal.” Deveria “desempenhar com êxito a missão que lhe foi confiada pelo governo amapaense”. E assim foi!

Professor Mário Quirino, ao lado do também saudoso professor 
José Barroso Tostes, ao lado da Igreja de São José

Em janeiro de 1965 a Divisão de Educação (DE) do governo de ex-Território Federal do Amapá, junto com Universidade Federal do Pará, ofereceu um curso para formar professores. O nome do curso era CADES (Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário) e servia para treinar e capacitar professores para ensinar nas salas de aulas de Macapá. Agora, o que antes fora um escriturário, teria a oportunidade e o desafio de se tornar um professor. Em silêncio fez sua matrícula e levou a boa notícia para casa. Como de costume, foi um aluno participativo e atuante. Ao final foi aprovado e aconselhado a lecionar a disciplina de Português.

Após realizar outros cursos com sucesso, a prova final ainda estava por vir. O novo professor foi escalado para a sua primeira sala de aula, em 1965, em grandes e conceituadas escolas de Macapá: o Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA) e o Colégio Amapaense (CA). Ele foi muito bem com os alunos. O agora Professor Mário Quirino da Silva brilhava nas salas de aula; os alunos o respeitavam porque viam suas qualidades intelectuais, sabedoria e segurança no que falava. Deu aulas de Português no curso ginasial por muitos anos.

Foi professor de Português e Gramática Histórica no ensino médio do Colégio Amapaense, o mesmo colégio no qual fora aluno de sua primeira turma. Tornou-se diretor do Colégio Amapaense por duas vezes, de julho/1967 a janeiro/1968 e de agosto/1969 a junho/1971. No Colégio Comercial do Amapá ensinava as matérias de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Redação e Expressão.

Fora das salas de aula ele também trabalhava com dedicação pela educação dos amapaenses. Durante cinco anos foi Chefe do Ensino Médio da Divisão de Educação e depois Chefe do Ensino de 2º grau da Divisão Escolar e Cultural até o ano de 1973. Por várias vezes foi Diretor da Divisão de Educação, quando o respectivo titular estava impedido. Foi também um dos diretores do Colégio Amapaense.

Desde a juventude o Mário gostava muito de esportes e participava ativamente dos campeonatos amapaenses. No início da década de 50 ele já era secretário da Federação Amapaense de Desportos e mais tarde juiz do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de Macapá. Em dezembro de 1955 ele foi eleito presidente da Federação Amapaense de Esportes Aquáticos. Estava com 30 anos de idade. Ingressou na maçonaria chegando ao posto máximo de “Venerável Mestre” da loja maçônica Duque de Caxias de Macapá, eleito por dois mandatos consecutivos, nos anos de 1967 e 1968.

Sua recreação preferida desde menino era o cinema. Gostava do Cine Macapá. Tomava Sorvete na Sorveteria Santa Helena. Aos domingos a tarde fazia um passeio de carro pela cidade com a família. Era torcedor do Flamengo, Paysandu e Amapá Clube. Assistia ao “Programa do Chacrinha”. Não gostava de lavar louça. Como professor nunca atrasava e nem faltava às aulas. Não tinha vícios.

O nosso querido educador faleceu em 1985, aos 60 anos, em São Paulo, no Hospital São Paulo. O corpo foi trasladado para a sua terra natal, Belém, onde foi sepultado no cemitério Santa Isabel.


Nota: Agradeço imensamente ao meu amigo de infância, Sérgio Façanha da Silva, filho do eminente mestre, pela complementação de sua biografia.

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