Nome oficial: Município de Amapá.
Lei de criação: nº
798, de 22 de outubro de 1901
HISTÓRIA
A história deste município é farta em acontecimentos ligados
à conquista de terras, cujos reflexos afetavam o povo da fronteira do extremo
norte. Os conflitos acentuaram-se ainda mais a partir de 1894, quando da
descoberta de ouro em Calçoene. Este fato motivou ainda mais a presença de
europeus e norte-americanos que se instalavam às cabeceiras do rio. Esses
estrangeiros, principalmente caienenses passaram a dominar a região, agindo
como verdadeiros senhores, perseguindo índios e escravizando mulheres. Por outro
lado, a instalação da zona de garimpo teve como conseqüência a desordem e o
descontrole geral na área.
Não se pode esquecer que essa região ao Norte do Amapá foi
contestada pelos franceses. Como conseqüência foi assinado o tratado
provisional de 04/03/1700. Este tratado declarava neutra aquela área. Em 11 de
abril de 1713, foi assinado o Tratado de Utrecht, que estabeleceu como
fronteira o rio Oiapoque. Porém os franceses continuavam invadindo a área,
principalmente por causa da descoberta de ouro. Sentiam-se e agiam como
proprietários exclusivos da área, proibindo o acesso dos brasileiros à região
das minas. Os brasileiros, em represália, mobilizaram-se para acabar com a
audácia do governo francês no contestado, cujo representante era Eugênio Voissien.
Em dezembro de 1894 foi criada, na vila do Amapá, uma junta governativa
denominada Triunvirato, a qual era constituída por Francisco Xavier da Veiga
Cabral, Cônego Domingos Maltez e Desidério Antonio Coelho. A junta recebeu a
missão de elaborar e aplicar leis que envolvessem todos os assuntos de ordem
econômica e social da região.
Os franceses não ficaram inertes. Numa demonstração de
prepotência, nomeiam para governar Cunani um ex-escravo (Trajano), como forma
de neutralizar a reação brasileira. Trajano como governador, passa a
desrespeitar as decisões do Triunvirato, perseguindo os mineiros brasileiros.
Cabralzinho, autoridade máxima do Triunvirato determina a prisão de Trajano,
impondo-lhe severos castigos físicos. Imediatamente, o governador de Caiena M.
Charveim, ordena a uma expedição militar para libertar Trajano, que se
encontrava preso na sede da administração (vila de Amapá).
No comando da expedição estava o capitão Lunier, acompanhado
de 130 soldados, com destino à vila do Espírito Santo do Amapá para libertar o
negro, prender Cabralzinho e conduzi-lo à Caiena. À época, a vila do Espírito
Santo era o centro mais importante. No dia 15 de maio de 1895, as invasões
francesas chegaram à vila e foram ao encontro de Cabralzinho. Este, ao ser
agredido pelo capitão Lunier, desarma-o e consegue matá-lo. Após discussões e
troca de tiros, a tropa de Cabralzinho fica sem munição, refugiando-se na mata.
Os franceses, em vez de levarem Cabralzinho, promovem uma
verdadeira chacina no local. Deixam muitos feridos, ateiam fogo na vila e
libertam Trajano.
“O massacre que os franceses promoveram na vila do Amapá
contra sua população humilde foi produto da violência, da dominação
internacional pela posse da terra. E deu-se, exatamente, depois da descoberta
de ouro na área do contestado (...) deixando um rastro de saques, incêndios e
mortes de mulheres, velhos e crianças”
Em 13 de junho de 1896 é instalada a Intendência da vila,
após o período de agitação, provocao pela invasão francesa e pela formação do
Triunvirato. Para resolver o problema de limites e por fim às lutas que
marcaram os brasileiros do extremo norte do Brasil, o diplomata brasileiro José
Maria da Silva Paranhos Júnior – o barão do Rio Branco – defendeu os direitos
do Brasil, obtendo sentença favorável, por intermédio do juiz Walter Hauser.
Assim, em 1 de dezembro de 1900 foi assinado o Laudo Suíço, determinando que o
rio Oiapoque serviria como fronteira entre o Brasil e a França. Encerram-se
definitivamente as lutas pela posse das terras e Cabralzinho acabou tornando-se
um herói no Amapá.
Em 21 de janeiro de 1901
a região contestada – delimitada ao Norte pelo Rio Oiapoque e ao Sul
pelo Rio Araguari - é incorporada do
Estado do Pará. Sua primeira denominação foi
Território de Aricari com duas circunscrições: Amapá e Cassiporé.
Em 4 de maio de 1901 a vila tem 54 casas residenciais, uma
cadeia pública em alvenaria, um mercado público em alvenaria, um prédio para
mesa de rendas e muitas casas comerciais.
Em 25 de maio de 1901, é criado o Território de Aricari que fica dividido em duas regiões: Amapá e
Calçoene, tendo sido criada, na vila, a Coletoria e em Calçoene a Mesa de
Rendas.
Em 22 de outubro de
1901 desta data, as duas circunscrições
de Amapá e Cassiporé se transformam em dois municípios: Amapá e Montenegro.
Neste mesmo ano é criada a Comarca de Aricari nos referidos municípios, instalada
em 17 de janeiro de 1902, sendo seu primeiro juiz de Direito, Aureliano
Albuquerque de Lima. Antes os julgamentos eram feitos pelo juiz da Comarca de
Chaves. Em 30 de abril de 1902 são nomeados provisoriamente para o governo da
Intendência de Montenegro: Amaro Brasilino de Farias, Joaquim Felix Belfort,
Daniel Ferreira dos Santos e Manoel Agostinho Batista.
Em 2 de abril de 1902 o juiz Aureliano Albuquerque de Lima
preside a primeira sessão de Juri na cidade, que foi assistida por dezenas de
curiosos. Em 14 de outubro de 1902 os
dois municípios se fundem em um só, com a denominação de Montenegro, em
homenagem ao então governador do Pará, Augusto Montenegro. Em 27 de julho de
1904 é criada a Paróquia do Divino Espirito Santo. Em 12 de janeiro de 1931 são
iniciados, no municipio, os serviços do SESP (Serviço Especial de Saude
Pública), compreendendo medicação em postos fixos e pesquisas em todo o
território amaparino.
Em 10 de novembro de 1937
dá-se a denominação de Veiga Cabral ao municipio de Montenegro. Em 31 de
outubro o municipio recupera seu nome
antigo – Amapá. Em 20 de abril de 1946, a Biblioteca Municipal de Amapá é
registrada no INL, juntamente com a de Mazagão e Oiapoque. A instalação se dá
em 26 de janeiro de 1947.
Em 16 de julho de 1980
é criada a Reserva Biológica do Lago Piratuba, numa área de 357 km2,
pertencente aos municipios de Amapá e Calçoene. Em 2 de junho de 1981 é criada a Estação Ecológica das Ilhas Maracá
e Jipioca, abrangendo uma área de 72 mil km2, pertencente ao municipio de
Amapá.
Em 15 de novembro de 1982, Amapá, Calçoene, Macapá, Mazagão
e Oiapoque, antes considerados áreas de Segurança Nacional, elegem seus
prefeitos, encerrando-se de vez a proibição do regime militar. Em 23 de janeiro
de 1996 é inaugurado o prédio do fórum da Comarca de Amapá, e o destinado à
residencia do juiz de Direito da referida comarca.
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