domingo, 1 de abril de 2018

REPERCUSSÕES DO GOLPE MILITAR NO AMAPÁ


PARTE III: A CENSURA NA RÁDIO EDUCADORA SÃO JOSÉ

A Rádio Educadora São José (ZYA-52, 1.460 kHz – ondas médias; e 2.400 kHz
– ondas tropicais) foi inaugurada oficialmente em 4 de agosto de 1968, dois anos  serem publicados os dois decretos referentes à concessão da emissora. A data foi publicada no jornal A Voz Católica, do dia 10 de agosto do mesmo ano, que testemunhou a cerimônia de inauguração, além dos registros encontrados em diversos documentos nos arquivos da Diocese.

O prédio, construído na Rua Leopoldo Machado (na época, fora dos limites
urbanos de Macapá), possuía biblioteca, auditório, dois estúdios, além de dormitório para os padres. Os equipamentos da emissora foram trazidos dos Estados Unidos, através do padre Domenico Bottan, do PIME, formado em engenharia de rádio e televisão pela The Ohio State University, na cidade de Columbia. Em função da superioridade dos equipamentos, o próprio governador Ivanhoé Gonçalves Martins (1967-1972) chegou a fazer seus discursos utilizando os equipamentos da Educadora, determinando a Difusora a entrar em cadeia.

            Os primeiros funcionários – na maioria jovens entre 16 e 24 anos – passaram por
um curso de preparação, nos meses de outubro e novembro de 1967. Segundo o
radialista João Lázaro6, dos 108 inscritos, apenas 24 foram aprovados após os testes de
locução, escrita e interpretação de textos, organizados através da Prelazia7.
No dia da inauguração, os funcionários e diretores se reuniram na biblioteca da
emissora. Após a execução do prefixo da rádio – O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky,
executado pela orquestra de Ray Conniff (gravação de 1958) – o bispo prelado dom
José Maritano (sucessor de dom Aristides Piróvano, que foi nomeado como superiorgeral
do PIME, na Itália) enviou uma mensagem abençoando e entregando a nova
emissora de rádio aos amapaenses. O evento prosseguiu com discursos da diretora-
5 Decreto n° 58.544, de 30 de maio de 1966, concessão referente à “Rádio Educadora São José Ltda.”

            Para instalar uma emissora em ondas médias em Macapá; e Decreto n° 53.938, de 2 de agosto de 1966, referente às ondas tropicais. Entre os primeiros funcionários e colaboradores da “caçulinha”, estão os locutores João Lázaro, Conceição Furtado, Ellen Coelho, Luiz Tadeu, Bonfim Salgado, Anselmo Domingos e Hélio Pennafort; na equipe de esportes, Sérgio Menezes, José Moacyr Banhos de Araújo, Luiz Roberto da Motta Borges, Ivo Pinho e Francisco Salles de Lima; os controlistas de som, Itamar Torres, Jacinto Paulo Alves e Paulo Gazel; no escritório, Domingos Maciel, Ernâni Motta e Graça Viana.

             A primeira grade de programação da Rádio Educadora foi elaborada pelo
experiente José Maria de Barros, recém-saído da Difusora, onde era diretor artístico.
Entre os primeiros programas de destaque estão “Fatos, Boatos & Vice-Versa”
(programas de crônicas apresentado por Bonfim Salgado), “Café da Manhã”, “Vesperal
da Saudade” (apresentado por José Banhos de Araújo, com sorteio de prêmios), “Um
Tema na Ordem do Dia” (programa de debates, sob comando de Hélio Pennafort),
“Carrossel Esportivo-Musical” e “Yê, Yê, Yê, Sessão das Cinco” (apresentado pelo
disc-jóquei João Lázaro, com músicas dos Beatles).

            Os programas de crônica foram adotados nas duas emissoras: Difusora e
Educadora. As atrações ocupavam pequenos espaços na grade de programação –
geralmente cinco minutos – e se resumiam a leitura de um único texto, extenso,
abordando apenas um assunto por edição. As crônicas eram lidas em programas como
“Fatos, Boatos & Vice-Versa”, “Ponto-de-Vista” e “Café da Manhã”.

            O espírito libertário dos jovens locutores e redatores da Rádio Educadora, diante
das pressões impostas pelos governos militares às empresas de comunicação a partir da
década de 1970, levava preocupação à primeira gerente, professora Maria das Dores
Corrêa, que chegou a ser chamada diversas vezes a comparecer ao prédio da Polícia
Federal. “Dentro da cabine, o locutor tem o roteiro, mas lá ele pode falar o que quiser e
isso foge do controle. Como era uma turma muito jovem, cheia de entusiasmo, de
ideais, muitas vezes isso complicava a Prelazia”, afirma a professora.

            Bonfim Salgado foi um dos primeiros locutores alvos da censura do Regime
Militar, por conta das crônicas, como o Vento Me Contou e Se Eu Fosse Rei
apresentadas nos programas “Fatos, Boatos & Vice-Versa” e “Café da Manhã”. Salgado
chegou a ser detido por motivos desconhecidos, conforme explica nota publicada no
jornal A Voz Católica. Maria das Dores Corrêa assumiu o cargo de procuradora-gerente por conta da Lei, que proibia estrangeiros em cargos de administração em emissoras de rádio e televisão. Na verdade, a emissora estava sob gerência dos padres italianos Gaetano Maiello e, posteriormente, Jorge Basile.

            SOLIDARIEDADE – Durante o transe vexatório que sofreu, no início da
semana, ao ser detido, por motivos ainda não esclarecidos, Bonfim Salgado
recebeu de parte dos ouvintes, as mais carinhosas manifestações de
solidariedade. Inúmeras foram as pessoas que pessoalmente ou através de
telefone se manifestaram, solidarizando-se com o rádiojornalista da RE. O fato
dispensa comentários. O programa “Qual é a Nova?”, produzido e apresentado
por BS, que normalmente se estriba em largo índice de audiência, no dia
seguinte ao de sua detenção, alcançou escuta total. (A VOZ CATÓLICA, 1º fev.
1969).

Assim como os músicos profissionais, os locutores eram obrigados a andar com
uma carteirinha expedida pelo Departamento de Censura de Diversões Públicas, da
Polícia Federal. Conta Nilson Montoril10, narrador esportivo da Educadora na década de
1970, que já chegou a ser abordado por agentes da PF durante as partidas de futebol no
Estádio Glicério Marques. “Se eles chegassem ao estádio e alguém da equipe de
esportes não tivesse com as duas carteirinhas [da Polícia Federal e a de identidade, pois
a primeira carteira não dispunha de fotografia], imediatamente tinha que deixar o
microfone”.

            A pressão atingiu inclusive o padre Gaetano Maiello, que foi diretor da Rádio
Educadora e da Voz Católica entre 1967 e 1970. Durante este período, chegou a
escrever crônicas para os programas “Ponto-de-Vista” e “Café da Manhã”, vistos com
certo temor pelas autoridades locais. Por conta disso, chegou a enfrentar algumas
situações desconfortáveis. Segundo Maiello11, em uma das vezes que houve
racionamento de gasolina na capital, foi obrigado a ir até a delegacia:

            Por causa da falta de gasolina, eu cheguei a contratar uma bomba num posto da
cidade. Eu tinha a chave, então podia ir lá. Acontece que certo dia, quando fui
retirar a gasolina que era minha, um homem me cercou e disse para comparecer
até a delegacia às sete da noite. Eu tinha que ir à cadeia toda a noite. Então,
consegui falar com um advogado e ele me concedeu um habeas-corpus. E,
noutro dia, quando fui pegar gasolina, já em outro posto, mais uma vez me
chamaram para ir a cadeia. Isso aconteceu sete vezes.

            Maiello, chegou a ser indagado pelo governador do Território, o general Ivanhoé Martins: “mas porque você nunca fala de mim?”, se referindo a ausência de comentários sobre o governo nos programas apresentados pelo sacerdote na Educadora. Então o padre respondeu: “só há um problema: com a mesma liberdade que o senhor fala de mim, eu também quero falar do senhor”. Maiello permaneceu em Macapá até 1972, quando foi afastado da cidade e convocado para trabalhar pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Entre uma edição ou outra, os padres produtores do programa “Ponto-de-Vista” davam alfinetadas no governo, em tom de ironia. Assim foi em uma das edições, cuja data não pôde ser registrada:

Tudo acontece nesta terra de Alferes Cabralzinho! E acontece, assim, de uma hora para outra, tão de inesperado que deixa a gente embasbacado, bobo, apalermado.
Mas não é de hoje, não, que é assim. A prática é velha, tem barbas brancas, vem de muito tempo. Desde que o Território é Território. E o povo, coitado do povo, vai engolindo, com a mesma repugnância, como se estivesse comendo pedaços de sapo cru... Não tendo outra alternativa, parte para a gozação. Quem não se lembra o triste tempo em que o funcionário era obrigado a ir buscar, no aeroporto, o governador, quando de suas idas e vindas, sob pena de ter seu “ponto” cortado, sob pena de ter perdido seu rico dia de trabalho? Desde aí, as coisas gozadas, risonhas, acontecem, a três por quatro,
repentinamente. E o povo olha pro “negócio”, com um sorrisinho de canto de
bôca, sorrisinho irônico, de deboche, de gozo...

Em outro exemplo, no programa “O Redator de Plantão”, apresentado no dia 19
de agosto de 1975 pelo padre Jorge Basile, a crônica conta a história do encontro do
sacerdote com uma mulher pobre, cujo marido trabalhava no garimpo, e os três filhos,
sem condições de comprar uniforme, foram barrados e não puderam assistir às aulas.
Por esta atitude, o padre levantou algumas questões sobre a obrigação da farda, palavra
que utiliza diversas vezes no texto. A maneira como o autor se reportou ao termo
“farda” deu a se entender que estaria se referindo aos militares, provocando duplo
sentido.

Fui sempre inimigo nº 1 da farda, embora fosse obrigado quando Diretor do
CCA [Colégio Comércial do Amapá, atual Escola Estadual Gabriel de Almeida
Café] à exigir que os alunos usassem a dita. Fui sempre inimigo nº 1, porque
nunca pensei que farda representasse mais disciplina ou mais respeito, ou mais
não sei o quê. Fui sempre inimigo da farda, porque muitas vezes em nome e por
culpa da farda, alunos pobrezinhos perderam as aulas e se não ficaram
prejudicados o foi tão simples e exclusivamente, porque os pais tiraram o pão da
boca dos filhos, para comprar farda. Isto é coisa que se faça? É por estas coisas
que sou inimigo n° 1 da farda.

No dia 1º de setembro de 1975, a assessoria de Relações Públicas da Secretaria
de Segurança Pública enviou o ofício 093/75-ASP ao padre Jorge Basile, criticando o
conteúdo do programa apresentado pelo sacerdote em relação à obrigadoriedade da
farda. No ofício, o assessor relata:

Defere-se a V. Sa. aos alunos que deixaram de freqüentar normalmente as aulas
“POR FALTA DE FARDA”. Devo ressaltar que a comparação feita e a maneira
como foi abordado o problema, distorcendo os fatos, poderão ter conseqüências
graves e altamente prejudiciais ao Território, a Comunidade e principalmente a
V. Sª. Desejo esclarecer que a palavra “FARDA” não é adequada ao caso apresentado.
E o fato de V. Sª. dizer que é INIMIGO Nº 1 DA FARDA, fala muito mal,
principalmente àqueles militares que usam FARDA, como eu e tantos outros.
Comunico que V. Sª. fala mal o Português, pois é de origem ITALIANA e se
expressa com um vocabulário muito vulgar para uma emissora de rádio
(EDUCADORA) que devia difundir cultura e não proporcionar
desaprendizagem da nossa língua pátria.

Em outro momento, o padre Jorge Basile recebeu outro ofício, de número
201/75-GAB, escrito no dia 3 de setembro do mesmo ano pelo governador do
Território, Ivanhoé Gonçalves Martins. Desta vez, o governador exigia providências
para que a Educadora afastasse um dos locutores (não identificado), considerado
prejudicial para as atividades do governo.

Apresso-me em informar a Vossa Reverendíssima que apoio integralmente os
termos da correspondência, sugerindo que sejam tomadas providências no
sentido que aquele locutor da Rádio Educadora atente para o problema de que
suas interferências são prejudiciais ao trabalho que estamos procurando
desenvolver no Território, por estar desinformando dos verdadeiros fatos.
Dom José Maritano também foi uma das pessoas que recebeu ofícios de órgãos
públicos se referindo às crônicas da Educadora.

No dia 4 de abril de 1977, a Câmara dos Vereadores de Macapá enviou ao bispo-prelado o ofício 79/77-CVMM, escrito pelo presidente da casa, o vereador Jarbas Ferreira Gato:

Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Revma. que em alguns programas
radiofônicos levados ao ar pela Rádio Educadora “SÃO JOSÉ”, estão existindo
distorções a respeito do trabalho desenvolvido por este Poder e como Presidente
desta Casa é de meu dever tomar conhecimento e responder as críticas argüidas
ao Legislativo Municipal. Assim sendo, acabo de enviar ofício ao Diretor daquela emissora, cuja cópia junto a este, a fim de Vossa Reverendíssima tome conhecimento do assunto em tela. Jarbas Ferreira Gatto, presidente da Câmara de Vereadores de Macapá.

As correspondências encaminhadas à Rádio Educadora foram guardadas e
anexadas juntamente com os scripts de cada programa. Com isso, foi possível analisar o
conteúdo veiculado do qual as cartas se referem. Não foi possível comprovar se essas
crônicas, escritas nos últimos anos de atividade da Rádio Educadora, passaram pela
censura prévia da Polícia Federal, assim como acontecia nos programas “Ponto-de-
Vista” e “Café da Manhã”, e nas grades de programação da emissora. Nos textos dos
programas não foi percebido nenhum carimbo ou assinatura do Departamento de
Censura de Diversões Públicas.

            As próprias tensões entre a emissora e os governos militares se apresentaram,
durante a pesquisa, como motivo para o fechamento da Rádio Educadora, em 1978. A
versão é reforçada através do depoimento do funcionário público e radialista Nilson
Montoril. Nos últimos anos da emissora, Montoril apresentava o “Cidade Alerta”,
programa sobre os problemas da cidade, antes comandado por J. Ney. Por conta disso,
Nilson chegou a ser desligado do governo do Território. Com a pressão dos órgãos da
imprensa foi readmitido e recebeu uma proposta de funcionários que faziam parte do
alto escalão.

O Domício Magalhães, secretário de Administração, me chamou e disse que iria
me reintegrar no Governo, só que com uma condição: teria que deixar a Rádio
Educadora. Quando eu estava indeciso, eu me encontrei com alguns
companheiros, como o Walter Pacheco, o Nestlerino Valente e o Alberto
Uchôa. O Alberto teria me dito: ‘olha Nilson, eu acho oportuno aceitar o convite
do Domício, porque a Rádio Educadora vai fechar, no mais tardar em abril ela
fecha’.

A declaração de Nilson Montoril mostra que o fechamento da rádio já era tido
como algo premeditado, movido por decisões oficiais. A mesma versão também é
confirmada pelo locutor esportivo João Silva:

A Rádio Educadora tinha uma postura crítica, com apoio de padres de vanguarda, como o Jorge Basile e o padre Gaetano Maiello, que tinham uma outra visão e não concordavam com tudo que estava acontecendo. Nós também tínhamos essa visão: o militar não poderia estar certo e o resto da errada. E por isso foi causando incômodo no Governo. Por conta disso, alguns políticos se uniram para fechar a rádio.

A versão é negada fielmente pelos padres, que acreditam que o problema tenha
sido apenas de ordem financeira e não política. O padre José Busato, que no período
do fechamento era membro do conselho da Prelazia, fala da falta de interesse da Igreja
em permanecer com a rádio:

Naquele período, a Rádio Educadora tinha 32 funcionários. Não tinha ninguém
que segurasse o pagamento do pessoal. Sei que não entrava nada. A cada mês,
eram 500 cruzeiros de despesas a mais. Ninguém ajudou a fechá-la, o próprio
dom José Maritano não tinha mais interesse em manter. Se for para correr o
risco de perder o padrão ou demitir funcionários, preferiu-se fechar tudo.
A versão sobre o problema financeiro também é defendida pelo padre Dante
Bertolazzi15, que estava em Macapá na época do fechamento da Educadora. Ele acredita
que a falta de experiência dos próprios padres em administrar uma empresa teria
auxiliado para a falência da emissora.

Era difícil para a Prelazia manter toda aquela turma que já estava ficando
grande, sendo que era um pessoal preparado, e isso custava para pagar. Lembro
muito bem que o dom José [Maritano] era muito preocupado com relação a isso
e perguntava: como é que nós vamos pagar? O padre Jorge Basile também era
uma pessoa que não aceitava ajuda, era meio que um dono das coisas que ele
administrava. Daí, a rádio teve que fechar as portas.

As duas versões acompanharam durante todo o processo de pesquisa e
entrevistas com as pessoas que trabalharam ou que tiveram alguma relação com a Rádio
Educadora São José. Continua o padre José Busato:

Tornou-se uma obrigação ter que apresentar os dois posicionamentos. Apesar dos entrevistados apresentarem uma visão e terem negado a outra, elas não se contradizem. Como se viu anteriormente, houve sim pressão política. Quanto a questão financeira, documentos da Prelazia comprovam que, desde o primeiro ano de funcionamento (1968), a Educadora já apresentava déficit na receita, com dívida de NCr$ 3.430,40. Somando outros débitos, como aluguel de imóveis, de empréstimos e outras despesas, era mais NCr$ 54.348,45. Entre 1968 e 1969, a Rádio Educadora deixou de recolher a taxa do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). A emissora teve depois que fazer o recolhimento com juros e correções monetárias. Em 1971, as dívidas já somavam Cr$ 43 mil. Nos anos de 1970 e 1971, não foram realizados os serviços de contabilidade. Resultado: despesas de Cr$ 6.400. Nesta mesma época, os dois veículos utilizados pela emissora estavam na oficina, com peças para serem trocadas depois de tanto tempo de rodagem. Com as constantes faltas de energia, a rádio precisou comprar um gerador de Cr$ 3 mil, mas até agosto de 1971, só foram pagos Cr$ 500 e não havia dinheiro para o restante. As cabines de locução necessitavam de reformas, além de haver uma dívida com a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert), órgão que ainda exigia a construção de cercado em torno do parque transmissor, localizado a dois quilômetros da sede da emissora, na mesma rua Leopoldo Machado.

Em março de 1978, o conselho eclasiástico da Prelazia de Macapá elaborou um
questionário para decidir sobre o futuro da Rádio Educadora. Foram 12 perguntas
encaminhadas a todos os padres que atuavam nas paróquias da capital. O questionário
foi escrito em italiano e respondido no mesmo idioma. Os padres tinham um prazo de
até o dia 12 de março para entregar a resposta. No documento, estavam questões sobre a realidade da programação da rádio, avaliação entre aspectos positivos e negativos e
propostas aos padres em participar da grade com programas. Vinte padres responderam o questionário. Apenas Dante Bertolazzi, José Busato e Lino Simonelli votaram pela continuação das atividades da emissora, desde que tomassem medidas para sanar os problemas e tornassem a programação mais religiosa.

Os demais, incluindo os padres Angelo Bubani, Fúlvio Giuliano, Sandro Galazzi e
Salvador Zona (um dos incentivadores da emissora durante a sua implantação) foram a
favor do fechamento. Apenas o padre Paulo Lepre não se arriscou a dar uma resposta
definitiva sobre o assunto. O conselho da Prelazia decidiu então fechar as portas da
Rádio Educadora.

No mês seguinte, mais precisamente no dia 17 de abril de 1978, a Rádio
Educadora São José encerrou as atividades. Neste dia, a programação foi conduzida
pelo padre Jorge Basile, que lamentava sobre o fechamento da emissora, junto com os
ouvintes, que participavam pelo telefone. A programação foi encerrada com a execução
do prefixo Lago dos Cisnes. Depois veio o silêncio, o desfecho de quase uma década de
história da emissora da Prelazia de Macapá. No final do mês, os transmissores foram
lacrados e as portas fechadas.

Em 17 de agosto de 1979, o Diário Oficial da União publicou o decreto 83.867,
de 16 de agosto do mesmo ano, que renovava por dez anos a concessão da Rádio
Educadora São José Ltda. para uma nova empresa, a Z Publicidade do Amapá Ltda. Neste período, a nova empresa reativou a emissora com o nome da Rádio Educadora de
Macapá.

REFERÊNCIAS

A VOZ CATÓLICA. Edições entre os anos de 1966 e 1975.

BEZERRA, Eliazar Coelho. A Voz Católica: um jornal da Prelazia de Macapá. 2004.
Dissertação (Bacharelado em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo) – Faculdade Seama, Macapá.

BUBANI, Pe. Angelo. Diocese de Macapá: apontamentos históricos. Macapá: Diocese de
Macapá, 1985, 2ª ed.

DARIVA, Noemi (Org.). Comunicação Social na Igreja: documentos fundamentais. São Paulo: Paulinas, 2003.

MAINWARING, Scott. Igreja Católica e Política no Brasil (1916-1985). Tradução Heloisa Brás de Oliveira Prieto. 1ª reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 2004.
MELO, José Marques de. Comunicação Eclesial: utopia e realidade. São Paulo: Paulinas, 2005.

PENNAFORT, Hélio. A Imprensa no Amapá. Macapá, 1994.

PUNTEL, Joana T. Cultura midiática e Igreja: uma nova ambiência. São Paulo: Paulinas, 2005.

RODRIGUES, Edgar. A história da comunicação no Amapá. Macapá, 2002. Disponível em: http://www.amapa.net/info/mostra.php?id=8. Acesso em: 31 ago. 2007.

SANTOS, Fernando Rodrigues dos. História do Amapá: da autonomia territorial ao fim do
Janarismo (1943-1970). Belém, Grafinort Ind. E comércio, 2006. 2ª ed. P. 169-199.

SOARES, Ismar de Oliveira. Do Santo Ofício à Liberação. 1ª ed. São Paulo: Paulinas, 1988.

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